“Quem foi rei, nunca perde a sua majestade”. Esta frase se encaixa perfeitamente com a finlandesa mais amada do mundo da tecnologia, que por muito tempo dominou o mercado móvel e ainda hoje é reconhecida por muitos dos seus ex-usuários (e até os atuais, porque não) como a melhor marca que já tiveram contato.
É uma verdade que o espirito inovador da empresa, que sempre trouxe novidades de por o mundo boquiaberto, também foi a trilha para sua ruína. Negando a tendência, a Nokia se esquivou por muito tempo do Android, que dominava o mercado aos poucos, batendo de frente com o Symbian e Meego, aliando-se posteriormente com a Microsoft e dando vida a conhecida linha Lumia. Não tem como negar: a maioria esmagadora da fã base do Windows em smartphones chegou a este mundo seguindo os passos da Nokia e não maravilhados pela solução da Microsoft.
Contudo, as coisas não foram também quanto era esperado. Uma vez que os investimentos em hardwares e softwares próprios fracassaram no passado, o resultado se imprimiu em dividas e mais dividas, que não poderiam ser pagas com o pouco sucesso da nova linha. Quando a Nokia buscou uma válvula de escape e deu os seus primeiros indícios de projetos Android, surge a compra da empresa pela gigante de Redmond, engavetando/adaptando as ideias “perigosas” (olá Nokia X) e dando uma sobre-vida ao seu sistema operacional.
Decisão questionável, devido ao “quase abandono” dos esforços para manter o sistema em alta nos dois anos seguintes, mas marca o ponto em que desejamos chegar: desde então uma legião viúva de fãs da antiga Nokia sonha com a volta da empresa, que finalmente se oficializa neste fim de ano. Ainda assim, fica a dúvida: o que é esta “nova” Nokia?
Após vender suas fábricas e ter a maioria dos engenheiros vendidos para a Microsoft, o nome Nokia permaneceu as sombras, trabalhando com projetos menos populares, como o seu serviço de mapeamento Here (já vendido), tecnologias de comunicação (como o 5G) e alguns acessórios não tão comerciais, mostrando que o foco não era exatamente o mesmo. Essa visão foi se alterando após o negociamento de algumas destas areas em prol de um acumulo de um capital curioso, que logo depois foi tomando forma com as parcerias com a HMD e FIH Mobile (subsidiaria da Foxconn), dando vida a nova composição da companhia.
É preciso lembrar que a Microsoft vendeu aos poucos grande partes das suas fabricas para a Foxconn e demitiu em massa diversos funcionários, que foram absorvidos por ninguém menos que a HMD. Esta por acaso é presidida por Florian Seiche, Co-fundador da HTC, comandada pelo CEO Arto Nummela, antigo VP na Microsoft Mobile Devices Sales (EMEA) e ex-funcionário Nokia, assim como o diretor de Produtos Juho Sarvikas, que introduziu os Nokias e Windows Phones as operadoras americanas no passado, e ainda assim existe uma natural dúvida: o que se esperar dos novos smartphones da Nokia? essa é uma dúvida que infelizmente não será respondida com menos de 1 a 2 anos de movimentação da empresa na volta ao mercado.
Uma vez que a Nokia não é investidora ou acionista da HMD Global Oy, podemos contar que o desenvolvimento destes modelos serão feitos por parte da HMD, supervisionados pelo Conselho de Administração da Nokia e produzidos pela FIH Mobile, fazendo com que não fique exatamente claro se poderemos esperar algo como a empresa fez no passado, ou uma postura totalmente nova. Teremos novos aparelhos altamente resistentes? teremos câmeras estupendas? teremos tecnologias de tela de dar inveja? O contrato de patentes entre a Nokia e Microsoft nunca ficou exatamente claro, aumentando ainda mais o peso da interrogação.
Nossa posição fica totalmente especulativa, restando esta saber o que o consumidor espera desta volta. O que a Nokia precisa para abalar o seu coração de fã? configurações de ponta? um design familiar? preços justos? foco profissional? inovação, ousadia? O que você espera da “nova Nokia”?