Outubro de 2015. Já faz um bom tempo que o sistema que hoje você ama nasceu (a mês de fazer 5 anos) . Diversos dos mais fervorosos fãs da plataforma tem à acompanhado desde os primordios, ou pelo menos quando ela começou a chamar muita atenção com o Lumia 800 e posteriormente os 920 e 520. Uma coisa não podemos negar, muito mais do que o sistema, a Microsoft mudou muito nesse tempo.
A empresa de Redmond sem dúvidas entrou nesse ramo tarde demais, em um momento nada oportuno onde duas das suas maiores rivais dominam o mercado. Cambaleando de forma desajeitada, a ideologia do sistema passou por diversas variações, as decisões tomadas são tão divergentes que é difícil acreditar que tudo foi feito pela mesma empresa, e de certa forma, não foram.
“Only Windows”
O Windows Phone 7 veio com a missão de ser algo totalmente diferente do que se via no mercado. Com a integração com o Xbox, o aparelho prometia ser um prato cheio para os gamers. Com a boa fama de serviços como Skype, Outlook (mais conhecido no Brasil como Hotmail) e Office, era difícil acreditar que não era algo de valor.
Porém, difícil foi manter a impressão. Com a falta de aplicativos populares os usuários casuais se afastaram, com a falta de grandes funcionalidades voltadas a produtividade os usuários corporativos se afastaram, e sem tantos games ou alguma integração que faça realmente a diferença os gamers se afastaram. O primeiro suspiro não foi alto e nem durou por tanto tempo.
Com o tempo o nome da Microsoft acabou se tornando cada vez menos relevante ao meio mobile. Sim, seus serviços ainda tinham imensa qualidade, mas com a posição autoritária do Steve Ballmer, antigo CEO da empresa, a estrategia de manter exclusividades não ajudava nenhum pouco. Uma vez que os usuários se afastavam da plataforma da Microsoft, eles não usavam os serviços da Microsoft. Assim vimos diversos serviços ganharem espaço e ficarem ainda mais populares como os da Google.
Mas esse não foi o fim. Sabendo a importância de estar presente no mundo mobile com novos suspiros vimos o Windows Phone 8 e posteriormente 8.1. Com a grande presença da Nokia – empresa amada por muitos até hoje –
correndo ao lado da empresa de Redmond havia marketing, evolução, inovação, ainda que não tanto quanto necessário.
A cada dia os usuários ficavam mais animados, ignorando o deboche da concorrência até por não querer ver que muitas das conquistas não eram assim tão surpreendentes. Mas estávamos ali, conhecemos alguns dos valores que mantem diversos usuários na plataforma até hoje: Respeito ao consumidor, atenção ao feedback do usuário, atualizações fieis e a prioridade em integrar um sistema bem feito, fluído e consistente.
Como nem tudo são flores, as coisas novamente começaram a desandar. Por mais que as duas empresas brigassem para tentar alavancar o sistema havia forças para pular aquele maldito 3%. A Nokia começou a mostrar que as fraquezas que acumulara de outros erros passados estavam mais pesados do que eles poderiam suportar e assim eles precisavam abraçar novas opções, e como um dos primeiros sinais disso vimos o Nokia X.
Ainda que viesse com a nobre intenção de servir como ponte para usuários androids considerarem a plataforma da Microsoft, o uso do Android preocupava muita gente. Essa preocupação chegou até Ballmer que em uma das suas ultimas ações como CEO da empresa não exitou em comprar a Nokia, impedindo que a sua maior parceira se torna-se uma concorrente de peso matando totalmente a plataforma.
O começo do fim
A Nokia se foi, e a Microsoft lentamente assumiu. Vimos isso se refletir na mudança das propagandas, nas alterações feitas em sua suíte de apps e em seus próximos aparelhos. Com uma nova estrategia liderada pelo seu novo CEO Satya Nadella, Vimos uma ideologia muito mais aberta e inclusiva partir da empresa. Vimos um pesado investimento ao nome e valor da marca, visando cada vez mais a experiência Windows, independente da plataforma.
Curiosamente, durante o desenvolvimento da sua nova plataforma universal, inicialmente mais visada aos computadores e smartphones, foi o momento do inicio da maior abertura da empresa para outras plataformas vista em anos. Enquanto não sabíamos o que esperar das novas versões, a presença dos serviços da Microsoft no Android e iOS se tornavam cada vez mais fortes, com maiores investimentos e novidades que até então não tínhamos até mesmo nas plataformas Windows.
A Microsoft começou a trilhar um caminho confuso que só serviu como um último empurrão para aqueles que já estavam descontentes com a plataforma. Assim como a incerta era na posição quanto ao software, com os Lumias 530, 535, 435, 532, 430, 640 e 640XL (Ufa!) mostravam que o hardware havia algo ainda mais complicado.
Tentando esticar seus braços para todos os lados no maior estilo Samsung, vimos a empresa buscar expandir seu sistema de qualquer forma, o que obviamente não deu certo. Após um ano as vendas subiram, mas os lucros desceram, e junto as consequências da compra da Nokia que não foi bem vista por olhos como os de Bill Gates, começaram a aparecer os diversos prejuízos. Com uma perda de bilhões de dólares, o fim da plataforma foi cogitado fortemente na internet, mas logo desmentido pela empresa.
Reestruturação
Essa é a palavra de ordem no momento. Através da famosa carta de Satya Nadella, o mundo viu a companhia mudar seus eixos e aparar as arestas. O portfólio deverá ser reduzido para uma maior efetivamente e contenção de gastos; mercados chaves deverão ser escolhidos, para evitar investir em locais onde a plataforma não gera retorno; a inovação deverá ser priorizada, uma vez que ela já se faz ausente a um bom tempo na plataforma; os fãs do Windows deverão ser presenteados com novos flagships, que já estão fora do mercado a quase dois anos.
Um recomeço totalmente diferente
Com as rédeas da situação, o amado CEO agora podia prosseguir com o desenvolvimento da sua nova plataforma. Pouco tempo após o lançamento do incrível e bem recebido Windows 10 nos desktops, é a vez do Windows 10 para smartphones surpreender os usuários, pelo menos é o que diz a teoria.
Com uma postura muito mais tímida, a empresa que a decidiu abrir o seu processo de desenvolvimento para os usuários, mostrando assim que o peso das duas versões não é nem de longe o mesmo atualmente. Com um foco bem menor no meio mobile, o programa Insider até hoje se mostra muito mais impressionante nos computadores. A Microsoft tentou explicar isso é claro, mas a sua declaração em seu blog oficial que visava dar motivos plausíveis para a demora no avanço do sistema móvel não foi nada mais que um belo rodizio de interessantes e inteligentes palavras que nada realmente justificavam.
Olhando além da janela, não vemos nada. Nada mesmo. Propagandas e publicidade quanto a plataforma? nada. Novos aparelhos? não. Os antigos pelo mesmo? muito difícil encontrar. Bom, e ainda reclamávamos da Nokia. E nesse meio tempo a companhia vai nadando com a onda. Não sei se notaram, mas desde a carta, Nadella e diversos outros funcionários de alto posto da Microsoft pouco se referem ao sistema móvel quando não questionados, porém sempre serão questionados. E mesmo quando respondem, a um refugio no assunto da vez: as experiências windows, sempre destacando que elas vão muito além das suas plataformas, o que é uma atitude muito questionável para uma empresa de software. Se não há mais para onde correr, fala-se do Continuum.
Estão guardando o melhor para o momento certo? não sei. Mas é fato que a Microsoft está muito mais focada em disponibilizar os seus serviços de forma ampla do que focar neles em sua própria plataforma, ou melhor em suas próprias PLATAFORMAS. Sim, o Windows 10 para computadores é um sucesso, mas é inegável que ele foi lançado com alguns erros curiosos, principalmente em seus aplicativos. Mas o caso fica alarmante quando percebemos que as versões do Skype e Outlook dão uma surra na sua versão para computadores. Ok, os smartphones estão a 1 ano atrasados por ter um novo sistema em desenvolvimento, engolimos essa, mas qual é a desculpa agora para os computadores?
É interessante ver que a Microsoft lançou o novo app de tradução primeiro no Apple Watch seguidos do iOS e Android. E o Send? que do Android chegou a pouco ao iOS e nem mesmo chegou ainda para as plataformas windows? Esse são apenas exemplos mínimos. Eu realmente não entendo os novos passos da Microsoft.
Há quem acredite em um plano B, C ou que for, onde o Android está apontando como uma peça chave. Eu costumava dizer que isso não faz o perfil da empresa, mas atualmente não é possível traçar muito bem esse perfil. Para quem dormiu no ponto, ver curiosas ações como o suporte ao Cyanogen OS, e a compra de alguns aplicativos do sistema da Google são muito curiosas. Então sim, considerem essa possibilidade em um futuro distante, caso o Windows 10 mobile venha a ser abandonado.
Olhando além
Agora é olhar para frente. No dia 6 de Outubro teremos o lançamento oficial do Windows 10 Mobile (é o que esperamos, pelo menos), dos novos Flagships e de alguns outros anúncios de peso pela Microsoft. Eu realmente não espero uma atenção tão grande ao sistema mobile quanto foi dada a versão para computadores. Teremos uma campanha publicitária? diversas propagandas? Não tenho certeza. Essa é a ultima chance? Talvez.
Posso estar errado em minhas afirmações? sim! Espero realmente estar. Mas somente os “novos passos da Microsoft” poderão dizer…