Esta semana foi divulgado o funcionamento do tão especulado emulador de programas x86 para Windows 10 Mobile, oque naturalmente resultou em uma grande euforia entre os fãs. A inovadora função se torna extremamente interessante por finalmente da sentido a proposta da Microsoft em criar um PC de bolso, algo que tem sido falho com um Continuum limitado aos apps até então.
Obviamente, esta noticia também fez com que muitos pensassem em relação ao crescimento que poderá ser impulsionado através do impacto desta chegada ao mercado, esperando talvez, a salvação para o negócio móvel padrão da Microsoft.
Tenha em mente…
É preciso lembrar que pra um celular-PC ser interessante para o consumidor, ele precisa ser primeiramente um celular. O mercado de PC’s está em decadência, e o mundo mudou. Hoje as pessoas preferem usar apps para acessar suas redes sociais, para consumir mídia e até mesmo para navegar na internet. É esmagadora a quantidade de pessoas que tem PCs em casa e ainda assim usam mais o smartphone.
O grande erro está em acreditar que os programas de x86 vão rodar na interface do seu smartphone, o que não é o que acontecerá. Com uma interface totalmente voltada para telas grandes e em proporção contrária, além de interfaces nada amigáveis ao Touch, não basta apenas ser capaz de processar, mas é preciso que exista adaptação, o que não é provável acontecer. Caso a Microsoft não torne o “lado smartphone” do seu aparelho atrativo, não existe porque uma empresa que desenvolve um programa para PC investir para que o seu produto funcione em um campo incerto, assim como vemos nos apps.
Mas isso não quer dizer que a função não é valiosa, mas apenas torna útil a proposta do CONTINUUM, ao menos neste primeiro momento. Através deste recurso você terá a possibilidade de você conectar o seu celular em uma tela e ter um PC de verdade, e não apenas a semi-solução que a Microsoft trouxe para o público. Uma vez que fracassou no mercado móvel, é de se esperar que a gigante de Redmond esteja buscando adaptar a este segmento para os moldes de onde ela domina, vulgo desktops, que apresentam declínio em prol desta mesma mobilidade.
Isto porque é um reflexo natural do mercado perceber que hoje a tecnologia móvel roda em torno de apps e ecossistemas de apps e não de sistemas operacionais. Com serviços cada vez mais integrados de plataforma em plataforma, tem sido natural ver usuários compartilharem as mesmas experiências em OS’s diferentes.
É esperado então que a repercussão da função traga novos apps, certo? Bom, um PC de bolso possui a capacidade exata para atrair o engenheiro, o jornalista, o empresario, mostrando que sim, a Microsoft está finalmente alcançando o exito em atingir em cheio o mercado corporativo, que é claramente o seu foco a mais de 12 meses. O consumidor casual (grande esmagadora maioria) segue a tendência indicada acima, preferindo a experiência de comodidade e mobilidade que os smartphones o proporciona e não irá ir de contra a esse movimento.
Encarando os fatos
Olhando para este problema, voltamos ao dilema central do Windows Phone, deste sempre. Se a plataforma não for capaz de atrair usuários (pelo menos a grande massa vital), não será capaz de atrair desenvolvedores. Não atraindo desenvolvedores, não existem apps. Sem apps, não existem usuários. A Microsoft sabe disso, e provavelmente não é nisso que ela está apostando as suas fichas.
Até mesmo o próprio site idealizador da Microsoft, enfatizou as discrepâncias acerca dos novos planos “ambiciosos” da empresa dizendo que, com base no que Terry Myerson havia dito para Mary Jo Foley através de uma entrevista, que o argumento da Microsoft para continuar a dar suporte ao Windows 10 Mobile, seria uma questão de estratégia de produto, pois a empresa não espera e nem acredita no sucesso da sua solução móvel em relação ao mercado padrão de consumo [artigo completo do site MSPU].
Ainda assim, é para se comemorar, pois a Microsoft finalmente faz da sua proposta de trazer um PC de bolso real (pois antes convenhamos, era um fiasco), mas não é a salvação e nem um tapa na cara de ninguém. Colocando esta proposta central nos eixos, é a hora da empresa mais do que nunca focar no seu deficit de apps, mesmo que volte a antiga estrategia onde arcou com os custos dos desenvolvedores para trazer novos apps, forcando atenção do consumidor para o possível valor do Continuum, algo que não consigo ver a Microsoft dos últimos anos fazendo.